sábado, setembro 09, 2017

Florence: O rapto das Sabinas


No meu primeiro post sobre Florença, falei do Giambologna. 
Agora, quase a terminar os posts, volto a ele.

Na Loggia della Signoria, podemos perder um dia inteiro a desenhar. Aos olhos dos turistas, iria parecer um desperdício de tempo. Aos dos Médici, de certeza que a valorização de todo um investimento na Arte durante séculos.

Esta escultura de Giambologna é esmagadora. Tão esmagadora que fiquei muito desiludido com o meu desenho. Só agora, passados 5 meses é que olho para ele e não tenho vontade de o deitar fora...

Feita a partir de um bloco de mármore branco imperfeito, o maior alguma vez transportado para Florença, tal como tinha acontecido com o utilizado por Miguel Ângelo 80 anos antes para esculpir o David, Giambologna idealiza a primeira escultura para ser vista de todos os ângulos sem um ponto de vista dominante. A dinâmica é incrível, há um sentido em espiral desde o homem mais agachado, passando pelo que, em pé, agarra a mulher Sabina. Tudo isto com uma tamanha força que influenciou todo o movimento artístico seguinte: o Barroco.

Mas o que é o rapto das Sabinas?
É um episódio/lenda da história de Roma. Conta que a primeira geração de homens romanos conseguiu esposas através do rapto das filhas das tribos vizinhas: as Sabinas.

...

Há uns dias uma amiga perguntava-me, a propósito dos meus desenhos feitos no Porto, mais ou menos assim: "Como te sentes ao ver tantos desenhos de outras pessoas que parecem ter influência tua?"
Respondi-lhe: 
- A influência vem de Foz Côa. Eu sou apenas mais um a experimentar!

Quanto mais viajo, mais conta me dou que o rapto das Sabinas é constante. Olhamos para o lado e "raptamos" o que nos encanta porque acreditamos que seremos mais felizes assim. Ao fazê-lo em Desenho, na verdade nunca copiamos. A cópia nunca é aquele original, é outro original. Criamos portanto, as condições para que algo novo aconteça. 
Haja cabeça para ver isso...

2 comentários:

Marcelo de Deus disse...

Sim, haja cabeça ! ;-)

Henrique Vogado disse...

Somos todos influenciados desde os primeiros desenhos da humanidade. Excepto nas cópias de pinturas, acho que todos os desenhos são originais. Mesmo desenhando o mesmo objecto, com a mesma técnica e do mesmo ponto de vista, há sempre diferenças no traço.